Diferenciação e Posicionamento

Em recente VT do Nissan Sentra vemos como protagonista aquele cara dedicado no trabalho, fazendo hora- extra e não dizendo exatamente a verdade à esposa sobre onde estaria, para depois curtir o final de semana de carro novo com a família. Não nos atemos ao conteúdo, que com humor e ironia traz um perfil de comportamento que traduz um estilo de vida. Verdade?
Não obstante da criatividade a leitura deste comercial deve refletir o posicionamento da marca do carro, que poucos anos atrás estreiava no país, e trazia um time de tiozionhos “The Uncles” para compor a trilha e tema do comercial. Alías, comercial não. Imagem do carro diante do consumidor, seu posicionamento.
Pelo custo médio do Sentra percebe-se logo que não se trata de carro de entrada, como também não sendo o top de linha da Nissan. Neste patamar de segmentação, em situação anterior, o comercial aderiu a imagem do Sentra a de um cara de meia idade; apenas. Nada que o senso de humor não possa vender tão bem. Mas o que está por trás é o desafio de posicionar a marca ao público, com diferenciação, considerando sua segmentação diante da concorrência.
Voltando ao cara da hora-extra percebemos como insight a evolução da ideia central anterior. Reduziu-se a idade média do target, acrescentando um protagonista que precisa de esforço maior para adquirir seu Sentra. Aliás, o verbo seria outro, muito bem tratado na estória, se “presentear”. Vemos dai uma série de linhas criativas que poderiam seguir fértil caminho em competente agência. Mas o que se revela é um filme sobre ambição (pormenorizada pela linguagem da ironia), sobre individualismo – tratado como premiação pelo esforço. O que na antropologia do consumo seria traduzido pelo conceito de “indulgência”. Em caso prático como: o famoso chocolate, comprado ao final do supermercado, para adoçar o desgastante dia de compras e dizer: eu mereço.
Mas é a abordagem estratégica adotada que afasta o poder de consumo e influência do casal, da família. Uma forma ousada de abordar o tema, sobre a compra de um carro, que envolve esforço de decisão elevado. Relegando a família à segundo plano – em todo filme.
Mensagem que traduz uma parcela da sociedade, sem dúvida. O ponto agora é identificação. Palavra forte e fundamental em segmentação e posicionamento. Um perfil que representa uma fatia de profissional já valorizada muitas décadas atrás e hoje não muito em voga, conforme profetizam RHs. A hora-extra segue em declínio pela comportamento organizacional modermo. Mas encontrar esse perfil e identificá-lo ao target é um esforço de observação e muita pesquisa, com estratégia de atuação.
Vale relembrar a campanha institucional da linha Nissan – dos fundos preto e branco de listras (bem explorado no case da Lew Lara), com uma diferenciação tratada de forma fundamental na comunicação em questão.
Mas é uma aposta da Nissan para o Sentra, que deve se refletir novamente nos próximos anos, como foi a projeção da linha “The Uncles” para “0 cara da hora-extra”. Uma leitura pertinente, que demonstra a força de um planejamento para a criação. O que muito se vê como algo a enferrujar o processo de comunicação, hoje identificamos como funções de suporte e ferramenta vital para um resultado mais assertivo da agência.
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